Um fórum da faculdade onde estudo
propôs uma discussão sobre uma matéria da revista Reuters com a seguinte
chamada: Recursos naturais podem ter colapso em 40 anos.
A reportagem chama a atenção para
as consequências sistêmicas do crescimento populacional descontrolado, mudança
de temperatura e escassez de recursos básicos como condições sanitárias, água
potável e alimentos desencadeando grandes epidemias e migrações catastróficas.
Em um texto malthusianista a
revista chama a atenção para consequências que já vivemos em escala local, principalmente
nos países pobres e em desenvolvimento, novidade apenas para os leitores usuais
da Reuters.
A mudança de hábitos vai ocorrer
sim, mas somente depois dos mais fortes tomarem todos os recursos para si, como
sempre ocorreu na história da humanidade. Até lá, muitas mentiras serão
contadas para justificar atrocidades em prol dos mais fortes.
Não, Malthus ainda não será
enaltecido, teremos mudanças importantes na estrutura da política mundial com
consequências imprevisíveis.
Somos macacos com armas, não
queremos evoluir, queremos apenas dominar os mais fracos.
É fato, triste, principalmente
para um animal dotado de um intelecto capaz de fazer estas previsões, antecipar
as consequências das próprias ações, e escolher manter o modelo por dinheiro.
Escolhemos acabar com o futuro porque ele não nos pertence, escolhemos abusar
em vida dos recursos porque estaremos mortos até lá e não há mentira contada sob
pretexto religioso ou divino que tenha feito diferença na postura comportamental da humanidade em mais de dois mil anos da
história ocidental. Somos egoístas como espécie. Errados somos nós os poucos
malucos ambientalistas, os malucos que se privam pelo bem alheio, que dedicam
vidas, carreiras, famílias por um coletivo que não tem tempo para olhar pela
janela, sentimentalista, tolos românticos e filósofos, todos inúteis para os
macacos armados que dominam o planeta. Nossa espécie tem uma papel sim neste
planeta. De acabar com as demais formas de vida até que nossa própria espécie
acabe pela falta de suporte do hospedeiro. Como um ciclo natural qualquer. Como o ciclo de
qualquer vírus.
Mas isso não vai acontecer agora, nem daqui a quarenta anos. Antes disso um país detentor de tecnologia e
poder bélico irá interferir "pelo bem da humanidade" e realizar um
controle de pragas eliminando as doenças infecciosas e porque não seus hospedeiros
desnutridos e incapacitados? Não. A humanidade não acaba neste século porque
existem mais egos poderosos do que podemos contabilizar. Mas não farão pela
humanidade, mas pelas próprias fazendas de petróleo, pelas Ilhas artificiais particulares em Abu-dhabi,
pelos passeios em ônibus espacial regado a champagne francês.
Qualquer comunidade inteligente
se adequaria, os vírus conseguem, mas nós? Nosso conceito de inteligência é egocêntrico, limitado de mais.
Mas Malthus está lá, sentado na eternidade do conhecimento humano, e seu dia
certamente chegará, mais cedo ou mais tarde.