O Ritmo das coisas, das pessoas... (parte I)
Impaciência, somos impacientes com os outros, impacientes com nós mesmos, sempre esperando mais, que o outro nos entenda melhor, que o outro faça o que achamos que é certo, que o outra aja da forma como gostaríamos, nos afobamos conosco tentando adiantar cada passo, tentamos saber tudo o que sequer paramos para aprender, refletir.
A capacidade de abstrair e projetar nos permite enxergar muito além daquilo que somos, que estamos, possibilita enxergar o que queremos ser como se já fôssemos, imaginar e desejar o que queremos e perceber a sensação de realização como se já tivéssemos, visualizar nosso desejo como se fosse realidade em nossas mentes.
Nossa capacidade abstrativa também instiga projeções menos nobres,
inveja, desejos impróprios, inadequados, pois somo sim um ser em
constante crescimento, em franca aprendizagem.
Costumamos julgar e
condenar a partir das nossas vivências, dos nossos valores e
conquistas, ignorando quem são, de onde vieram e o que estão vivendo
neste momento nossos ilustres réus desconhecidos. Tão pouco nos importa, pois
a sociedade urge e na mesma pressa imperfeita nos sentimos aptos a
condenar a todos os que são ou estão diferentes de nós. Estamos errados
porque precisamos aceitar que, da mesma forma que não conseguimos
sublimar as diferenças, assim como o mestre Ghandi por exemplo, existem
níveis de convivência social menos exigentes no polimento que o nosso.
Não podemos exigir de ninguém nivelamento de valores com os meus, ou com
os seus, devemos e precisamos cobrar honestidade, pois este valor
independe de polimentos.
Todo esse exercício abstrativo nos traz um problema sério já identificado e explorado pelo filósofo existencialista dinamarquês Soren Kierkegaard, "o mito da eterna angústia". Segundo o filósofo estamos eternamente insatisfeitos porque projetamos e sempre que alcançamos, desviamos o interesse para outro.
O ponto aqui não é dissertar exatamente sobre a angústia, mas apontar para a ferramenta mais importante dada ao ser humano, que sozinha, desacompanhada da abstração não existe. Esta ferramenta nos permite evoluir não só tecnicamente, mas filosófico e eticamente. A contemplação. A capacidade de contemplação, sempre abstrata, dá sentido à existência no sentido mais amplo conhecido e imaginável. O Físico austríaco Erwin Schrödinger, apesar de formação metódica, Nobel em física, vem corroborar com nossa abordagem filosófica quando propõe o paradoxo mental onde uma gato posto em uma caixa com um veneno radioativo pode estar vivo ou morto, o resultado deste experimento depende de quem abrir a caixa, ou seja, da contemplação.
A amplitude da criação divina só tem uma razão, a de ser contemplada.
... continua outro dia... ^^
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