Projeto Lei de Resgate Moral
É notória a relação entre as
disparidades sociais e a violência. Em países pobres é comum os governantes
imporem regimes militares e vitalícios pois manter-se no governo figura como a única
alternativa para prover um futuro "digno" aos descendentes, ao menos é o que
configura-se por exemplo no Sudão. O que há de nobre na intervenção da Onu
nestes países mitigando os impactos sociais de uma guerra civil velada pela
opressão do estado, também há de improdutivo para a mudança de paradigma. Precisamos criar condições e ensinar a pescar. Dar o peixe não é solução para quem tem fome todos os dias.
Quanto mais caviar vai para o
lixo na casa grande mais crianças choram de fome nas favelas. Não há sociedade
sem a instituição da família, não há posse que condicione o direito de perpetuação
da espécie e não há decência em um homem que não vende sua dignidade para matar
a fome de seus filhos.
A violência é um sintoma
calculado, um problema admitido que um grupo dominante tenta perpetua para
justificar um excesso de conforto verdadeiramente imoral, desumano, insano.
O que se faz necessário para a
humanidade é uma mudança de pensamento social, uma mudança de comportamento
vertical. É tardia a tomada de consciência de que a coisa
pública é dever de todos e não oportunidade de enriquecimento dos políticos e
partidos oportunistas.
O dilema entre o poder da
riqueza da burguesia e a riqueza dos governantes é um embaraço da idade das
trevas que ainda trazemos conosco. Quando nossa sociedade vai evoluir
socialmente? Quando vamos aceitar as diferenças entre criação de frentes de trabalho e emprego da mera exploração da máquina e parar de pregar acertos apenas no
quintal dos vizinhos?
O empreendedor é aquele que
conquista a riqueza pelo fruto do trabalho, é aquele que arrisca, que sofre,
que não reconhece as dificuldades como impedimento, mas como oportunidades e é
deles a riqueza quando prosperam.
A coisa pública não é
instrumento de riqueza nem deve se equiparar com a riqueza da burguesia, não é
campo para quem é apaixonado pelo patrimônio, mas para quem é apaixonado pela
sociedade e ainda acredita em uma mudança no comportamento social.
Platão acreditava que existiam três espécies de
virtudes:
·
A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a
cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza
a razão.
·
A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser
o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiões da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade. E, por fim,
·
A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o
baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se
pelo desejo das coisas
sensíveis.
O que há de errado? Tudo. São
poucos aqueles eleitos que conquistaram o cargo por obras ou ideias, hoje são
eleitos pelo partido, pelas convenções, pela melhor propaganda. O mais tocante
é pensar que elegemos como deputado um palhaço de ofício e de tanta nobreza que
circo lhe proveu hoje envergonha-se da máquina pública dos salários recebidos
pelo pouco ou nenhum compromisso com a polis oferecido em troca.
É neste cenário de distorção da
moral e organização do estado que estarei desenvolvendo atenção especial... rumo à formatação de um projeto...