Boa tarde amigos.
Em uma conversa despretensiosa fui indagado sobre minha religião.
Respondi que apesar de Confirmado pela Igreja Luterana, atualmente me considero pagão, por acreditar em um Deus que está em todas as coisas, um Deus de quem não se precisa ter medo, do qual sou uma ínfima parte e me juntarei a ele se minha energia vibrar positivamente ao fim de minha jornada.
A intolerância com que minha fé foi recebida me levou a escrever esse texto.
Entre as agressões ouvi os seguintes absurdos: que minha vida era vazia, que meu Deus estava morto, que eu não conhecia a Bíblia, que eu não tinha valores, que eu me colocava no mesmo nível de Deus.
Interpretei que a formação religiosa da pessoa era intolerante. Forjada na mesma intolerância que promove guerras e massacres pelo mundo sob a bandeira da religião. Que Pessoas usam textos para fanatizar outras pessoas, que no mundo moderno tem o desejo de se aproximar do criador, mas na falta de tempo encontram respostas ensaiadas, prontas. Falsos profetas transformaram Deus num pacote pronto para ser consumido. As religiões "Fast Food".
Entendo dentro da minha visão universalista que todas as pessoas, devotas ou não, tem a necessidade de formatar uma ou mais divindades supremas para atribuir todos os fatores que fogem nosso conceito lógico, tudo o que foge ao concreto e palpável, tudo o que não somos capazes de explicar.
Assim, mesmo pessoas aquém do cumprimento das regras sociais e leis costumas focar sua fé em divindades peculiarmente moldadas a suas necessidades e realidade. E de uma forma muito justa, mesmo estas pessoas tem esse direito de fé legítimo.
Como diz a letra da música "Cristo e Oxalá" da Banda O Rappa:
O Cristo partiu do alto do morro que nós somos
Rodeados de helicópteros que caçavam marginais
A mostrar mais uma vez o seu lado herói, herói
Se transformando em Oxalá, vice-versa tanto faz
A rodar todo de branco na mais linda procissão
Abençoando a fuga numa nova direção
Minha fé, é meu jogo de cintura, minha fé
No sincretismo habitual a música fala da realidade do marginal do morro que tem fé que seu Deus, seja Cristo ou Oxalá vai lhe abençoar dando uma nova direção na sua fuga dos helicópteros da polícia. É a fé legítima e pessoal de cada um.
Por mais antagônico que pareça, as normas e regras sociais precisam ser seguidas por imposição das leis, que ordenam os comportamentos e a sociedade, mas a fé, essa não precisa de regra, norma ou lei.
Por si só, para ter fé, basta a sua vontade, e isso precisa ser respeitado sempre. Em qualquer circunstância.
A fé independe da religião porque transcende os rituais. Os rituais são específicos de uma comunidade, de uma cultura, por isso temos Oxalá, Maomé, Krishna, Cristo, Jesus, Brahma, Budha, Atom, Amom, e muitos outros. Se a redenção provinda da fé fosse monopólio de uma cultura como as demais sobreviveriam? Não existe céu para quem não for muçulmano? Acho que existe tanto para harekrishnas quanto para cristãos, quanto para xintoístas e assim por diante.
A fé pode estar na matemática, na física quântica. Fibonacci, matemático Italiano descobriu um padrão de desenvolvimento matemático, um padrão de crescimento para um amplo conjunto de coisas naturais. Não se trata de coincidência, mas um padrão de criação, como o traço de Van Gogh, sua assinatura. A Física Quântica por sua vez descobriu recentemente a partícula presente em absolutamente todos os elementos, batizada como Bóson (o tipo de partícula) de Higgs (teórico que propôs essa idéia a meio século atrás).
A ciência vive da fé e da busca incessante por comprovações, não é uma inimiga dela.
Assim como a história. Nos conta como e porque as coisas foram feitas, ditas, etc, e portanto não devem ser ignoradas para validar um comportamento ou uma doutrina, afinal se não houver nada de errado porque esconder?
Escondem a história quando existe uma intenção velada, quando existe uma vontade intencional de convencer as pessoas de determinadas coisas.
Nas épocas pré-eleitorais estórias e histórias são contadas, levando o eleitorado de um lado para o outro porque não há como apurar a veracidade das narrativas, e nem existe essa demanda por parte de quem conta, a intenção é apenas conduzir o eleitorado.
Através da fé, emissários das divindades quase sempre autointitulados proferem regras e normas, traduzem, interpretam e pregam comportamentos que normalmente são seguidas sem questionamento pelas massas. Na história ocidental o primeiro grande sucesso do uso da fé para congregar pessoas foi em 300 anos depois de Cristo.
Os livros mais vendidos do mundo são religiosos, o "Best Seller" religioso sem dúvida é a Bíblia, com 4 bilhões de exemplares vendidos em todas as línguas imagináveis. Apesar de ter sido escrita originalmente em Hebraico, Copta(Egípcio antigo), Sânscrito e Aramaico,depois temos o "Livro Vermelho", maoista com 900 milhões e o "Alcorão", muçulmano com 800 milhões de cópias vendidas.
No ocidente Cristão a Bíblia é tratada como a palavra de Deus. Mas quem realmente ama Jesus ou os valores promovidos por este famoso personagem quer saber mais, por onde andou na infância, como a Bíblia foi escrita, e assim aconteceu comigo.
O Pastor logo adiantou:" _ Se não está na Bíblia é porque Deus não queria que soubéssemos". Essa premissa teve efeito contrário e passei a procurar saber mais sobre a Bíblia e sobre Jesus para honrar uma frase Dele próprio:
Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» (Mateus 22:21)
Então, antes de atribuir a Deus a Bíblia eu quis saber como e quando foi escrita, e segue um breve resumo.
Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, lingua franca do Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande. A tradução ficou conhecida como a Versão dos Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta judeus trabalharam nela . A Septuaginta, desde o século I, é a versão clássica da Bíblia hebraica para os cristãos de língua grega 1 e foi usada como base para diversas traduções da Bíblia. Inclui alguns livros não encontrados na bíblia hebraica. Muitas bíblias da Reforma seguem o cânone judaico e excluem estes livros adicionais. Entretanto, católicos romanos incluem alguns destes livros em seu cânon e as Igrejas ortodoxas usam todos os livros conforme a Septuaginta. Anglicanos, assim como a Igreja oriental, usam todos os livros exceto o Salmo 151, e a bíblia do rei Jaime em sua versão autorizada inclui estes livros adicionais em uma parte separada chamada de Apocrypha.
A consideração de um livro como apócrifo varia de acordo com a religião.2
Por exemplo, alguns livros considerados canônicos pelos católicos são
considerados apócrifos pelos judeus e pelos evangélicos (protestantes).
Alguns destes livros são os inclusos na Septuaginta por razões históricas ou religiosas.3
Por fim, a Bíblia virou a Vulgata é a forma latina abreviada de vulgata editio ou vulgata versio ou vulgata lectio,
respectivamente "edição, tradução ou leitura de divulgação popular" - a
versão mais difundida (ou mais aceita como autêntica) de um texto.
Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.
(Textos retirados do site Wikipédia, com suas fontes disponíveis)
Textos do velho testamento foram retirados de Lendas Sumérias, como Adão e Eva, dilúvio, Evangelhos Apócrifos narram a chegada de Deus à Terra, em Enoch, outros evangelhos narram histórias da infância de Jesus, evangelhos de Maria, de Maria Madalena, porém, fogem ao padrão comportamental conduzido pelo cristianismo. Partes da Bíblia foram retiradas destes textos, portanto essencial para quem realmente deseja conhecer Jesus e a obra divina.
Por fim, a Bíblia é um compêndio. Textos escritos em barro, papiro, madeira, lascas de pedras, jarros, tradição oral, etc reunidos inicialmente por 70 judeus dedicados. Este compêndio mais tarde foi traduzido, textos foram adicionados, e traduzido novamente para chegar num formato popular, a Vulgata. Neste ponto o livro foi tão alterado que seus primeiros criadores, os Judeus, passaram a negá-lo como escritura sagrada. O Livro sagrado dos Judeus é a Torá, baseada nas instruções dos dez mandamentos.
A Bíblia então é obviamente um livro dos homens para os homens. Escrita e baseada em princípios de convivência, que inspira ajuda mútua, respeito, saúde, etc. Os principais valores instituídos pelo compêndio são nobres, inspirados por Deus, mas afirmar que a Bíblia é a palavra de Deus é no mínimo uma blasfêmia se proferido por alguém que conhece realmente a Bíblia. Um ato irresponsável de quem não tem a noção do que está falando.
As traduções mudam o sentido, adicionam palavras, mudam o sentido, conduzem ao bel prazer dos hábeis intérpretes.
Amenóphis IV, conhecido como Akenaton, faraó do Egito foi morto com sua esposa Nefertite em seus aposentos porque queria que o povo entrasse em contato com Deus, e portanto estimulou o culto direto, sem a necessidade dos Sacerdotes.
Desde que o poder chegou às mãos dos intérpretes que o povo é conduzido como ovelhas, não pelas mãos de santos, mas pela mão dos mesmos Sacerdotes que assassinaram Akenaton e posteriormente Jesus.
O mais importante na fé, independente da religião são os princípios que os cultos propõe.
Honestidade, fidelidade, solidariedade, sinceridade, dedicação, atenção, respeito, são valores que não possuem religião e quando praticados, nos conectam diretamente com o criador, sem necessidade de mediadores como pastores, padres, sacerdotes, etc.
Não tome nenhum livro como a palavra de Deus, estude seus princípios e aplique tudo o que for bom e saudável. Ele fala com você através do seu coração, e se você não o está ouvindo é porque não está fazendo a coisa certa, e não há nomeação humana que possa te ajudar, nem templo que exima dos erros, nem água rezada que desfaça teus preconceitos, seja o seu melhor, perdoe, tolere as diferenças, ajude quem puder e Ele verá. Somente se aceitarmos as diferenças e entendermos a necessidade das forças opostas para o equilíbrio entre todas as coisas poderemos entender Deus.
Amém.
