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terça-feira, 16 de julho de 2013

Em um certo inverno de noite fria durante um sono de incertezas o castelo que parecia sólido desabou, das bases e alicerces pouca coisa ficou de pé.
Todos que estavam nele sofreram graves ferimentos. Mesmo vestidos nas forjas de São Jorge, conjurados com a mais poderosa magia de Salomão não puderam escapar das enfermidades. Não faltou fé, nem magia, a ferida foi proferida no único lugar desprotegido não foi causado por inimigo nem por ambição desconhecida. Com todo o cuidado uma pessoa foi escolhida como a única guardiã do alicerce do castelo, também munida dos artefatos, mas jamais, jamais poderiam imaginar que temendo o frio e as longas noites de inverno entregaria o tesouro da fortaleza em troca de um momento aquecido, um afago do ego. E pra surpresa dos demais a fortaleza partiu-se em milhões de pedaços.
Mas a fé não faltou a todos, foi corrompida, profanada, mas a magia, os instintos se transformaram, a energia agora precisava se adequar para reerguer cada pedaço destruído. A chama dos eternos não se apaga, muda de cor, se adapta à cada nova necessidade. Naquele lugar onde residiam as rotinas de inverno agora fazia-se necessárias as lágrimas e muito suor para reconstruir alguma proteção.
Aos poucos o universo se encarregou-se de desembaraçar os poros, a música, a mística, os arrepios, as esferas de energia aos poucos voltaram a se mover, diferentes, com novos movimentos, em uma nova sintonia, uma nova frequência.
Com o novo trabalho imposto e disposto era hora de agradecer aos Anjos e todos os amigos etéreos que travam a batalhas épicas para manter os demônios agora alimentados longe das ruínas, até reerguer a torre.
O tesouro que estava enterrado foi exposto, entregue, dilacerado. A chave que abre as portas do paraíso também abre a porta do inferno. Esta lição foi embriagada, e a razão, seduzida.
A lição foi dada, confiar em tudo o que não vemos, no instinto mais puro, pois enquanto a visão nos seduz, a razão nos ilude. Enquanto o amor mantém a vida,  sua perda instiga a morte. O ódio, a decepção, a vingança, a insegurança, a cólera, e todos os demônios foram alimentados, mas é preciso ter fé na legião que guarda estas ruínas, que sejamos fortes como o juramento do justo. Não somos um nem dois, somos duzentos em eterno retorno destinados a semear, chorar, sorrir e viver.
Na Origem, Samyaza pagou pelo seu amor, foi julgado e condenado a sofrer pela eternidade, se esta é nossa sina, que assim seja. A vida é nosso presente, e por esta maldição de envelhecer, perder, morrer e voltar sem lembranças que trocamos nossa divindade. Aos românticos cabe o mundo terreno aos demais tudo mais.



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