A Instituição da Mentira
Aprendemos desde pequenos as vantagens de uma mentira bem contada.
Aquele vazo que quebramos transformamos em chineladas no cachorro. _
Ufa! Safei minha pele! Depois compensamos o mascote indefeso com um
gostoso pedaço de carne.
Assim crescemos, nos safando à custa de mentiras, ora bem, ora mal
contadas. Porém nem todos são indefesos assim como nem toda mentira é
bem contada. Na medida em que crescemos nos envolvemos em um mundo cada
vez mais complexo e o exercício de mentir exige uma elaboração mais
refinada, acompanha o engendro social. Quando a mentira é revelada não
sabemos como reagir, normalmente insistimos nela como única maneira de
não expor algo indesejado, perpetuamos uma bola de neve, uma avalanche
de mentiras que dificilmente acaba.
Sim, a mentira é uma defesa quase automática para a maioria das
pessoas, pois tanto é difícil admitir os erros quanto assumir as
consequências. Assim construímos uma sociedade falsa, onde valores
morais são símbolo de fraqueza perante a máquina social.
A mídia ora perpetua e incentiva a mentira através de filmes e
novelas, mostrando como podemos ser felizes enganando bem, omitindo as
coisas certas, fugindo das responsabilidades, noutro momento se promove
expondo condenando pessoas públicas por não saber esconder seus erros.
Bem vindos à indústria da mentira.
Mentimos tão compulsivamente que mentimos até pra nós mesmos.
Repetimos em nossas mentes inúmeras vezes coisas como se tivéssemos
feito, tivéssemos dito, repetimos a mesma mentira para diversas pessoas
para que se torne verdade, ao menos aos olhos de quem quer.
Mas qual o problema? Todos mentem sobre tudo, da dor ao amor, no
trabalho inventaram sinônimos como especulação, na vida pessoal se
confunde com falta de entendimento.
A mentira consome nossa capacidade de crescimento moral. Nossa
capacidade de diálogo. Perdemos o poder da dialética. Esquecemos de
exercitar a capacidade de argumentação, de aceitar as falhas e
consequências, sejam quais forem, é o primeiro passo para evita-las
posteriormente bem como para conquistar a confiança, mostrar o valor da
honestidade. Antigamente associávamos a capacidade de assumir os erros à
maturidade, porém fomos nos adequando aos maus exemplos da sociedade,
os políticos, famosos, poderosos, fomos imitando nosso ídolos fictícios
da televisão.
Não sei quanto à você mas tenho um exemplo a dar a meus filhos. O que acha de começarmos dizendo quem quebrou o vaso?
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