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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Instituição da Mentira

Aprendemos desde pequenos as vantagens de uma mentira bem contada. Aquele vazo que quebramos transformamos em chineladas no cachorro. _ Ufa! Safei minha pele! Depois compensamos o mascote indefeso com um gostoso pedaço de carne.
Assim crescemos, nos safando à custa de mentiras, ora bem, ora mal contadas. Porém nem todos são indefesos assim como nem toda mentira é bem contada. Na medida em que crescemos nos envolvemos em um mundo cada vez mais complexo e o exercício de mentir exige uma elaboração mais refinada, acompanha o engendro social. Quando a mentira é revelada não sabemos como reagir, normalmente insistimos nela como única maneira de não expor algo indesejado, perpetuamos uma bola de neve, uma avalanche de mentiras que dificilmente acaba.
Sim, a mentira é uma defesa quase automática para a maioria das pessoas, pois tanto é difícil admitir os erros quanto assumir as consequências. Assim construímos uma sociedade falsa, onde valores morais são símbolo de fraqueza perante a máquina social.
A mídia ora perpetua e incentiva a mentira através de filmes e novelas, mostrando como podemos ser felizes enganando bem, omitindo as coisas certas, fugindo das responsabilidades, noutro momento se promove expondo condenando pessoas públicas por não saber esconder seus erros. Bem vindos à indústria da mentira.
Mentimos tão compulsivamente que mentimos até pra nós mesmos. Repetimos em nossas mentes inúmeras vezes coisas como se tivéssemos feito, tivéssemos dito, repetimos a mesma mentira para diversas pessoas para que se torne verdade, ao menos aos olhos de quem quer.
Mas qual o problema? Todos mentem sobre tudo, da dor ao amor, no trabalho inventaram sinônimos como especulação, na vida pessoal se confunde com falta de entendimento.
A mentira consome nossa capacidade de crescimento moral. Nossa capacidade de diálogo. Perdemos o poder da dialética. Esquecemos de exercitar a capacidade de argumentação, de aceitar as falhas e consequências, sejam quais forem, é o primeiro passo para evita-las posteriormente bem como para conquistar a confiança, mostrar o valor da honestidade. Antigamente associávamos a capacidade de assumir os erros à maturidade, porém fomos nos adequando aos maus exemplos da sociedade, os políticos, famosos, poderosos, fomos imitando nosso ídolos fictícios da televisão.
Não sei quanto à você mas tenho um exemplo a dar a meus filhos. O que acha de começarmos dizendo quem quebrou o vaso?

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