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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O lixo de Ilhéus




     Cada cidadão do mundo moderno residente em países em desenvolvimento gera cerca de 1Kg de lixo por dia. Nos países desenvolvidos onde o poder aquisitivo e a oferta de produtos de rápido consumo é maior, a quantidade de lixo gerado por pessoa ultrapassa os 3Kg por dia.

     Todo o lixo recolhido de Ilhéus é disposto no Itariri, uma área estruturada em 2002 como aterro sanitário para atender a demanda de lixo das cidade de Ilhéus e Uruçuca. Na cidade de Ilhéus, conforme o último senso realizado, temos aproximadamente 180 mil habitantes e na cidade vizinha, Uruçuca, 20 mil habitantes.

    O Itariri  foi concebido em 2002 e entrou em funcionamento em 2004 com um tempo de vida útil estimado em 15 anos operando em um regime de aterro sanitário para o volume aproximado de 200 toneladas de lixo por dia. Conforme a legislação brasileira para atribuirmos a uma determinada área o título de Aterro Sanitário devem existir uma série de procedimentos dentre as quais a principal é a implantação de um sistema de células de compostagem onde camadas de lixo são sobrepostas com terra sucessivamente bem como os gases e chorume gerados da decomposição do lixo são captados e tratados adequadamente para evitar a contaminação do lençol freático e de todo o meio ambiente do entorno.
     O problema é que desde a implantação, nenhuma empresa privada conseguiu dar continuidade ao trabalho de administração do aterro sanitário devido à inadimplência dos municípios. Em consequência do descaso do poder público, o Aterro do Itariri mantém o status de Lixão.
     Logicamente, como não foi feito o tratamento do lixo devidamente, o tempo de vida útil do local deve ser drasticamente reduzido. Sendo assim devemos considerar duas premissas muito importantes: o tempo de vida útil do Itariri já acabou, e é fundamental uma avaliação do impacto direto na área, no entorno e no lençol freático devido à disposição indevida dos resíduos para que o Ministério Público possa qualificar os danos e responsabilizar devidamente pelos crimes ambientais e procedente improbidade administrativa das administrações contemporâneas ao problema.
     Este estado caótico da administração dos resíduos urbanos nos obriga a estender o raciocínio para tentar diminuir as chances de erro para a próxima área escolhida para este fim, bem como reduzir custos e impostos futuros que fatidicamente nos serão cobrados a depender do sucesso da administração do próximo aterro sanitário.
     É fato que a população paga, através dos impostos tanto pela administração do lixo quanto pela parte de município na implantação de uma nova área. Pagamos também por toda esta conta que envolve pesquisas, recuperação das áreas degradadas, remédios, salários e infra estrutura montada para tratar da insalubridade e doenças decorrentes do descaso com o lixo.

     Precisamos entender que mesmo que não esteja mais na soleira da nossa porta, o problema continuará sendo nosso se não for administrado da forma adequada.
     A sugestão prática é um esforço comunitário para separarmos o lixo. Mesmo que a cidade não disponha de um serviço de coleta seletiva imposta pela Lei de Resíduos Sólidos promulgada em 2010, a segregação dos resíduos facilita o trabalho dos catadores que cooperativados ou não realizam a nobre tarefa de identificar e retirar lixo reciclável dos lixões, reduzindo o impacto do nosso descaso.
    
    O lixo seco é um produto com valor comercial, porém, quando misturado, contaminado para a ser tratado como lixo comum, implicando em tratamento inadequado.
     É descaso nosso sim. Basta lembrar que 70% do lixo é orgânico. Em outras palavras, se enterrássemos todo nosso lixo orgânico, além de termos terra de qualidade no nosso quintal, para plantar verduras, hortaliças e até mesmo ornamentais, estaríamos ampliando o tempo de vida útil de um aterro sanitário como o planejado para Ilhéus e Uruçuca, de 15 para 75 anos, economizando muito dinheiro dos nossos impostos.

Separar o lixo não é obrigação, é uma opção inteligente.

“Não deixe nada pra semana que vem, porque a semana que vem pode nem chegar”
Faça hoje a sua parte...

Trilha de Hoje: SEMANA QUE VEM – Pitty


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