Labirinto.
Sim a vida é um labirinto sem
fim, sem garantias, sem objetivo final. Em prol da instituição da sociedade
organizamos nossos valores e crenças, mas o labirinto a cada curva apresenta um
desafio. Alguns desafios são saudáveis, estimulantes, outros derradeiros,
cruéis, sobre muitos passamos, por outros tropeçamos e em outros nos forçam a
mudar a direção.
Processo natural eu diria se ao
menos não houvessem confrontos entre lógica, moral e sentimento. Em alguns
momentos tudo se confunde. A opção carregada de ética fere a alma, maltrata,
envenena, amarra o espírito e então desperta a antítese. Faz questionar o outro
lado da moeda, porque o errado, agracia tanto a alma, preenche o coração?
Coisas deste engendrado labirinto. Enquanto o certo enjoa, enfada, o errado
excita, completa. Bem vindos à Obra Divina. Sofra hoje que amanhã viverás no
paraíso, ou viva no paraíso e sofrerá amanhã. Uau, ótimas opções pra quem
poderia oferecer todas. Somente na justiça divina os filhos pagam pelos erros
do pai... aahh se eu pegasse esse Adão...
Que escolhas fazemos? Quais
podemos fazer? Onde está o livre arbítrio? Quem está correto aos olhos do plano
divino, quem consegue desviar da sina mudando a história que o destino nos
força a reescrever ou quem cede à impressão da vontade cósmica repetindo a
história dos ancestrais?
Belchior escreveu “Como nossos
pais” inspirado por alguma intenção divina ou guiado pela mesma observação
filosófica temperado pelas angústias desse imenso labirinto que me trouxeram hoje aqui? Tanto faz, nada importa,
nem a linha do destino, nem o desespero em perceber essas amarras cruéis pois
jamais conseguiremos questionar o arquiteto desse sistema.
Nos resta resistir aos desígnios,
fechar os olhos e pular. A corrente nos levará onde devemos estar para cumprir
o nosso papel, bem ou mal, feliz ou triste, tranquilo ou angustiado, não há
medicina que acalme esse turbilhão nem virtude imensa suficiente para mudar o
que o senhor supremo escolheu.
Pois que assim seja...
Samyasa
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