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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O resigno do vazio



Trilha para ouvir enquanto lê: Photograf - Trilha Sonora do filme "Her". 
 
Ecos de nada.
Cristalino como a água.
Puro, simples, vazio...
Enquanto vozes e corpos se alternam,
A alma se afasta, e com ela a razão;
A cólera retorna em pele pútrida, esma.
Os egos se encontram, fazem companhia na loucura,
Devaneio dos mortos, cheios de vida em alma, mas de morte em carne.
Estou ao avesso.
No imenso vazio me encontro, lastimo,
Passo a mão sobre meu cabelo,
Me vejo fora do meu ar, tocando o chão, sujando os pés...
Malditos poetas que me habitam,
Malditas sinapses que empurram,
Calem-se!
No ar, o cheiro de mato, a brisa, a paz onde eu queria estar.
O lar dos eremitas, a densa selva dos nossos corações.




segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O velho terço



Voltamos ao velho terço de versos repetidos,
Gravados, Impressos imprecisos,
E quando nos damos conta estamos lá,
Com os dois pés sujos de lama,

Como se não houvessem gritado,
Como se não tivessem tentado,
Nos avisar, nos impedir, ajudar.
Somente um cego, surdo ou desavisado.

Passionais compulsivos,
Loucos marginais,
Frutos transgênicos de uma sociedade selvagem,
Escondidos em máscaras passivas,
Travestindo o verdadeiro eu pela sobrevivência.

Barril de pólvora ávido por um estopim,
Soprando o próprio pó para tocar uma faísca,
Desespero em roteiro, Salvação em rotina,
Cólera que cerca, invade, contamina.




Hoje ficaremos sem trilha sonora. Pois as lições reveladas neste dia foram duras.
Retorno em breve para as postagens diárias...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Acorda Alice!



Porque você mente pra você, pros vizinhos, pros teus filhos e amigos.
Fica falando dos políticos, mas você não faz diferente!
Enche-se de desculpas pra livrar a cara das próprias responsabilidades, atribui a culpa de tudo o que não funciona aos outros. Onde fica tua parcela?
Se tirarem o seu lixo da frente da sua casa você lava as mãos, diz que pagou pelo serviço e pronto, agora é com a prefeitura. Não separa o lixo, não se importa pra onde vai, quem coleta.
Você faz isso com a água que consome. Afirma em bom tom que pagou pela água, impostos para que hidrelétricas fossem construídas, pela isenção de impostos da concessionária, pelo tratamento da água, pelo sistema de abastecimento, e tem a cara de pau de achar que por isso pode desperdiçar. Você paga pelo serviço, não pelo bem comum.
Ainda se incomoda com o fato de alguém mostrar que o teu dinheiro não compra tua falta de consciência. A preguiça só dói quando exposta não é?
São os teus filhos que vão sofrer com o apagão, teu imóvel vai desvalorizar com problemas crônicos de abastecimento, a falta de médicos é pra todos hospitais, espertalhão.
Descaso? Capaz...
Ah é... também pagou por segurança pública, e quando vê alguém depredando patrimônio público não fala nada, não avisa as autoridades pois já fez a tua parte, pagou.
Incêndio? Se não é na tua casa, deixa queimar, que diferença faz mais uma família nas ruas, mais um pai desesperado pronto pra matar pra dar de comer aos filhos?
Se estão queimando alguma praça ou mata, você faz algo? Não Na era digital é mais fácil crer que alguém já ligou pros bombeiros. Tudo bem, ainda temos ar pra respirar, tomara que teu netos não saibam que você pensou assim um dia, pois eles vão culpar alguém também.
Pagou para que as encostas não fossem ocupadas então como teremos desmoronamentos? Paga um valor para instituições de caridade, ONGs humanitárias, então se ofende quando alguém pede um prato de comida. Realmente você é esperto! Contribui, faz a tua parte.
Não jogue lixo dentro do carro, jogue pela janela, afinal também pagamos pela limpeza urbana, pelo esgotamento e é claro que por isso jamais teremos enchentes. Precisamos prestigiar o trabalho dos garis. Imagine o caos que seria se você não jogasse mais lixo no chão, quantos desempregados!
Paga INSS e um plano de saúde por fora pra garantir, garantir o que? Tem certeza?
Mas faz a tua parte pra que? Pra manter um modelo falido? Ou ainda não percebeu que pagar pelas coisas não resolve os problemas?
Porque não se envolve? Pra não se aborrecer? E não vai se aborrecer se tiver que pagar mais impostos pra construir um novo lixão? Não vai se aborrecer na hora do apagão? Quando teu carro 0Km estiver com água suja até dentro do porta luvas? Não vai se aborrecer em um assalto? Nem com a falta de atendimento em um hospital? Claro que não, você pagou pra que nada disso aconteça.

ENVOLVA-SE COM SUA COMUNIDADE, COBRE DOS GOVERNANTES, IMPORTE-SE COM TODOS, COMPROMETA-SE COM SUA QUALIDADE DE VIDA!

Envolver-se com as causas é a única forma de amenizar as consequências.
Este texto é uma tentativa de despertar nas pessoas a necessidade de envolvimento em todas as instâncias da sociedade. Pagar por impostos e serviços é tão importante quanto nos organizarmos em ações efetivas de conscientização, não depredando patrimônio público, porque somos nós que pagamos por isso novamente. Reclamem, protejam nosso bem público, pensem, votem com consciência, ou não votem, mas façam algo além de abrir a carteira.


Devaneio sobre o amor



Amor não é propriedade,
É um estado de conquista permanente,
De devoção e atenção constante,
Predicado em romance, dom de poeta,
Não é para qualquer um, definitivamente.


Se quiser aprender a amar, é preciso ter fé,
Manter o respeito é obrigação,
mas somente pra quem enxerga o amanhã.
Da mesma forma o artista contempla a pedra antes de esculpir,
admira a beleza das linhas possíveis,
tudo o que pode ser traçado pelas mãos do desejo.
Molda ainda incerto do que vai se tornar,
Doa seu tempo e dedicação, imprime sua fé, 
entrega seu amor sem garantias.

Se desejar um quintal cheio de pássaros,
Não construa muros e telhados, não os traga em gaiolas,
Plante árvores que lhes possam dar sombra e abrigo,
Cultive flores e frutas para seus lanches triviais,
Crie um ambiente em que se sintam bem,
que se refresquem, se sintam seguros,
Em pouco tempo terá um quintal cheio deles,
Traduzindo alegria em canto,
Manifestando o desejo inevitável de dividir com você este espaço,


Trilha:
Apesar de retratar aquele outro amor que invade nossas vidas, que ilude, que acaba levando nossas almas até o inferno, o hit abaixo é lindo, espetáculo de uma das maiores divas do pop norte-americano cantando com muito tesão: Just a fool (Christina Aguilera & Blake Shelton) 
Ouça aqui: http://www.vagalume.com.br/christina-aguilera/just-a-fool-feat-blake-shelton.html
Enquanto retrata a dor de um amor perdido, também mostra a clareza e força que nos mantém íntegros.
Ter fé em nós mesmos. Fomos presenteados com lições que só os fortes podem suportar.
 É um degrau doloroso, mas essencial para enxergar o que há além...
Sabe o que eu eu vejo hoje?
Sobe aqui comigo que te mostro...




quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Complicadinho



     Neste mundão selvagem existe todo tipo de gente. Gente que ajuda, gente que precisa de ajuda, gente que aprende, que não aprende, gente que complica, que implica.
     Costumo enaltecer toda a iniciativa em prol do outro, tudo o que fazemos espontaneamente para ajudar pelo simples fato de percebermos o enlace entre nossa disponibilidade e a necessidade alheia. Assim abrimos janelas que transformamos em portas e posteriormente em pontes, castelos.
     Mas nosso universo precisa de equilíbrio, pois assim é a natureza, assim é a Obra.
     Da mesma forma que enaltecemos a solidariedade e a disponibilidade precisamos respeitar os indispostos, indiferentes, por fim os complicadinhos. Complicadinho porque realmente acredito no equilíbrio natural das forças e portanto reconheço a importância da presença destes indivíduos, ou dessa postura na sociedade. Eles valorizam a ação adequada e servem de referência oposta. Mas não consigo deixar de postular em diminutivo de forma pejorativa.

     O Complicadinho é aquele que tem o dom de não ser feliz. Não importa sua família, seu status social, seu emprego, sua saúde, tudo pode estar em perfeita ordem, mas ver seu vizinho satisfeito ou simplesmente feliz com menos que ele possui já gera revolta. O Complicadinho sequer precisa de estimulo para atrapalhar, ele gosta de se impor, precisa de atenção mais do que os demais. Seu esporte predileto é fingir que não se importa com os outros, porque apesar de não se importar com a opinião alheia, ele precisa mesmo da atenção dos outros, precisa fomentar discussões, se motivo de assunto mesmo que negativamente. O Complicadinho precisa de amor mais que os outros, mas é complicado de mais pra admitir e teimoso de mais para aceitar. Mas é um bebê chorão.

     A melhor maneira de ajudar o Complicadinho é tirar seus brinquedos. Se o problema é o cocô do seu cachorro, leve uma sacola plástica e recolha, se o problema é o som alto, não passe os 70dB ou use fones de ouvido, se o problema é a vaga no estacionamento, use outra, se o problema é qualquer bobagem, dê um sorriso, agradeça a preocupação e deixe ele falando sozinho. O fato é que o Complicadinho não vive sem seus brinquedos, se você não deixar nenhum pra ele, ele irá procurá-los em outro lugar.

     Não alimente os problemas, tome para si a responsabilidade de resolvê-los e de ser feliz, sempre existe outra forma de fazer o que você quer, seeeeeeempre.

     Pro complicadinho, mande amor e se ele passar da conta, mande um dedo, escolha um...

Trilha sonora, tipo isso (recomendo o clipe pra ilustrar um complicadinho) : Rude – Magic