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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Por Malthus ou Abu-Dhabi?



Um fórum da faculdade onde estudo propôs uma discussão sobre uma matéria da revista Reuters com a seguinte chamada: Recursos naturais podem ter colapso em 40 anos.
A reportagem chama a atenção para as consequências sistêmicas do crescimento populacional descontrolado, mudança de temperatura e escassez de recursos básicos como condições sanitárias, água potável e alimentos desencadeando grandes epidemias e migrações catastróficas.

Em um texto malthusianista a revista chama a atenção para consequências que já vivemos em escala local, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento, novidade apenas para os leitores usuais da Reuters.
A mudança de hábitos vai ocorrer sim, mas somente depois dos mais fortes tomarem todos os recursos para si, como sempre ocorreu na história da humanidade. Até lá, muitas mentiras serão contadas para justificar atrocidades em prol dos mais fortes.
Não, Malthus ainda não será enaltecido, teremos mudanças importantes na estrutura da política mundial com consequências imprevisíveis.
Somos macacos com armas, não queremos evoluir, queremos apenas dominar os mais fracos.
É fato, triste, principalmente para um animal dotado de um intelecto capaz de fazer estas previsões, antecipar as consequências das próprias ações, e escolher manter o modelo por dinheiro. Escolhemos acabar com o futuro porque ele não nos pertence, escolhemos abusar em vida dos recursos porque estaremos mortos até lá e não há mentira contada sob pretexto religioso ou divino que tenha feito diferença na postura comportamental da humanidade em mais de dois mil anos da história ocidental. Somos egoístas como espécie. Errados somos nós os poucos malucos ambientalistas, os malucos que se privam pelo bem alheio, que dedicam vidas, carreiras, famílias por um coletivo que não tem tempo para olhar pela janela, sentimentalista, tolos românticos e filósofos, todos inúteis para os macacos armados que dominam o planeta. Nossa espécie tem uma papel sim neste planeta. De acabar com as demais formas de vida até que nossa própria espécie acabe pela falta de suporte do hospedeiro. Como um ciclo natural qualquer. Como o ciclo de qualquer vírus.
Mas isso não vai acontecer agora, nem daqui a quarenta anos. Antes disso um país detentor de tecnologia e poder bélico irá interferir "pelo bem da humanidade" e realizar um controle de pragas eliminando as doenças infecciosas e porque não seus hospedeiros desnutridos e incapacitados? Não. A humanidade não acaba neste século porque existem mais egos poderosos do que podemos contabilizar. Mas não farão pela humanidade, mas pelas próprias fazendas de petróleo, pelas Ilhas artificiais particulares em Abu-dhabi, pelos passeios em ônibus espacial regado a champagne francês.
Qualquer comunidade inteligente se adequaria, os vírus conseguem, mas nós? Nosso conceito de inteligência é egocêntrico, limitado de mais. Mas Malthus está lá, sentado na eternidade do conhecimento humano, e seu dia certamente chegará, mais cedo ou mais tarde.

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